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sábado, 11 de setembro de 2010

Interpretar o Patrimônio


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Interpretar o Patrimônio 24/1/2004 - Fernanda Severo


A interpretação do patrimônio é uma narrativa que pode-se valer de diversos recursos e suportes para contar a história do local, adensando o significado e a experiência da viagem.


Quem de nós não ouviu encantado as aventuras de alguma personagem real ou fictícia, e sentiu-se transportado pela voz do narrador?

Quantas vezes não nos vimos envolvidos pelas tramas narrativas projetadas nas telas do cinema e da televisão, vivenciando as alegrias, as tristezas, as surpresas e os medos das personagens? Por trás dessas histórias que nos envolvem e fascinam, está a figura do narrador, aquele dentre nós que possui um jeito especial de despertar nossa atenção e interpretar acontecimentos corriqueiros transformando-os em algo memorável.

Esse intérprete, que recria o mundo com suas narrativas, nos oferece valores, significados e sensibilidades que viabilizam e garantem a preservação da nossa identidade cultural.

Viajar e promover a viagem a partir de uma trama que reúna razão e sensibilidade é o desafio proposto pela interpretação do patrimônio a todos nós, narradores anônimos envolvidos com a criação e apresentação de produtos culturais. Como criar e apresentar narrativas interpretativas do patrimônio conferindo visibilidade e voz para a comunidade local, são objeto de ensino dos especialistas que redigiram os textos de “Interpretar o Patrimônio: um exercício do olhar”, organizado por Stela Maris Murta e Celina Albano, publicado em 2002 pela UFMG e Território Brasilis.

A interpretação do patrimônio, como esclarecem as organizadoras da obra, é uma narrativa que pode-se valer de diversos recursos e suportes para contar a história do local, adensando o significado e a experiência da viagem. Os elementos principais da composição dessa história são os lugares de memória e a identidade do lugar, representada pelos hábitos, costumes, histórias e lendas selecionadas coletivamente.

Nessa perspectiva, percebe-se que de maneira exemplar a boa interpretação somente pode ser concebida em parceria com a comunidade. Além desse alinhamento ao saber local, a interpretação do patrimônio caracteriza-se como uma área do conhecimento e da prática que é multidisciplinar por excelência, mantendo-se diretamente associada ao turismo e à preservação do patrimônio. Essa multidisciplinaridade não se limita por aí, porque a interpretação pode valer-se ainda da sociologia, da história, da antropologia, da geografia, do urbanismo e das aptidões criativas e expressivas dos designers, videomakers e atores.

Esse amplo espectro de conhecimentos e sensibilidades agregados para a interpretação qualificada recebeu destaque merecido ao longo da obra organizada por Murta e Albano, e pode ser também comprovada ao atentarmos para a diversidade das formações dos especialistas que assinaram os artigos que a compõem. O universo de idéias oferecido pela coletânea, subdividido em três seções (Princípios e Técnicas da Interpretação; Estratégias da Interpretação para o Turismo e Preservação e Interpretação e Turismo: Estudos de Caso), são um ponto de partida imprescindível para todos os envolvidos com o turismo, especialmente para quem atua no planejamento dos segmentos culturais e
ambientais.

Por ser uma temática relativamente recente em âmbito nacional (última década do século XX), a interpretação do patrimônio possui escassa produção bibliográfica em língua portuguesa, estando a maior parte das obras em espanhol e inglês. Nesse contexto, a reflexão teórica e as práticas interpretativas realizadas no Brasil e no exterior sistematizadas em “Interpretar o Patrimônio – um exercício do olhar” por Maris e Albano demonstram esmero e generosidade de quem orientou o trabalho editorial visando a ampliação dos debates e das ações.

Ao oferecer à Academia e aos técnicos envolvidos com o planejamento turístico a presente seleção de textos, as organizadoras certamente alcançaram os seus objetivos iniciais de colaborar para suprir a lacuna do conhecimento, uma vez que estabeleceram bases sólidas para a ampliação do quadro conceitual e reflexivo e potencializaram a inserção da disciplina de interpretação do patrimônio nos currículos universitários. Para os estudiosos da cultura que buscam maneiras de conferir visibilidade às suas pesquisas, para os estudantes de turismo e comunicação social que pensam um dia em envolver-se com planejamento turístico, criação de produtos culturais ou almejam trabalhar com marketing cultural, essa é uma obra de leitura obrigatória.


MURTA, Stela Maris; ALBANO, Celina.(Org.) Interpretar o Patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG/Terra Brasilis, 2002.

Texto de Fernanda Severo Disponível em: http://www.etur.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=2185

Este livro está disponível no acervo da Bicen!!!

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