EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAIS NO ÂMBITO DA APA DO MORRO DO URUBU: A IMPORTÂNCIA DA REQUALIFICAÇÃO ESPACIAL PARA A PERFORMANCE AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL*
Cleber dos Santos Costa[1]
Emanuela Maiara Pereira dos Anjos[2]
Isabelle Sayane Santana da Silva[3]
Rafaelle Camilla dos Santos Pinheiro[4]
Resumo
No processo de desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental, as Áreas Naturais Protegidas (ANP’s) vem ganhando notoriedade, representando um espaço privilegiado para a difusão de comportamentos ambientalmente responsáveis. Consideradas como escolas ao ar livre, estes territórios, quando devidamente estruturados, possibilitam a compreensão para a importância do meio ambiente natural, bem como uma sensibilização face aos impactos negativos decorrentes das performances antropocêntricas sobre a natureza. Assim, torna-se de grande importância, para pesquisadores e/ou educadores o uso destes espaços para alcançar os objetivos da Educação Ambiental. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo abordar o tema da Educação Ambiental na Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro do Urubu, localizada na cidade de Aracaju. De modo específico, realiza-se uma análise sobre a importância do desenvolvimento das ferramentas de Interpretação Ambiental, através de técnicas ecológicas e instrumentos que se adéquem ao meio e aos seus visitantes, proporcionando aos indivíduos a aproximação e compreensão da área. A metodologia foi estruturada através de pesquisas bibliográficas e observações assistemáticas de campo. Conclui-se que existe uma necessidade de requalificação das infraestruturas existentes no Parque de modo que a educação e interpretação ambientais protagonizem o papel fundamental de mudança comportamental nos seus frequentadores frente ao meio ambiente e ampliem a satisfação da experiência da visitação.
Palavras-chave: Área Natural Protegida; ecoturismo; educação ambiental, experiência da visita
Abstract
In the process of developing environmental education activities, the Natural Protected Areas (NPA's) is being recognized as an important place for diffusion the environmentally responsible behavior. Deemed as outdoor schools, these territories, when properly structured, allow the understanding about the importance of natural environment as well as an awareness against the negative impacts of the anthropocentric performances over the envorinment. Thus, it is of great importance for researchers and / or educators to use these spaces to achieve the goals of environmental education. Therefore, this paper aims to address the issue of Environmental Education in “Area de Proteção Ambiental” of “Morro do Urubu”, located in the city of
Keywords: Natural Protected Área; ecotourism, enviromental education; visit experience
Introdução
O surgimento do Turismo trouxe a perspectiva de uma atividade considerada uma “indústria sem chaminé”. Ao longo da evolução do turismo, foi percebido que o turismo, como qualquer atividade econômica, causa impactos negativos ao meio ambiente. Assim, após estas evidências, surgiu uma nova forma de utilização dos espaços naturais que se popularizou através do termo Ecoturismo. Tal forma de turismo diferencia-se dos outros tipos de Turismo de Natureza, dentre outros aspectos, pelo fato de utilizar de ferramentas como Educação Ambiental e Interpretações do Meio Ambiente que facilitam a aproximação dos visitantes com o lugar visitado. Nesse caso, uma Área Natural Protegida (ANP) ou Unidade de Conservação (UC) são normalmente dotados de uma infraestrutura que facilita a interação do homem com o meio ambiente, sendo que muitas vezes toda essa potencialidade não seja tão bem utilizada.
O presente trabalho tem como objetivo a apresentação da Unidade de Conservação do tipo Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro do Urubu como um equipamento de lazer e um atrativo turístico da cidade de Aracaju. A área possui um grande potencial para o desenvolvimento de programas de educação ambiental, utilizando-se de seus recursos naturais através de técnicas de interpretação ambiental para atender o fluxo de visitantes.
Durante a pesquisa foram utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica referentes às conceituações e premissas sobre os temas de Educação Ambiental, Ecoturismo, Turismo e Meio Ambiente, Interpretação Ambiental e as informação referentes a APA e; a pesquisa de campo essencial para as considerações expostas, pois, através das visitas ao local, pode-se perceber a contextualização teórico-prática sobre o tema abordado.
Diante destas pesquisas realizadas notou-se a importância da APA do Morro do Urubu como um meio de lazer para a população em geral, bem como a necessidade da implantação de um planejamento e de projetos que visem uma organização da visitação e melhoria da experiência que o contato com o meio ambiente do local pode proporcionar.
Turismo e Meio Ambiente
O turismo é um fenômeno mundial que se expandiu de forma expressiva após a Segunda Grande Guerra, onde houve um desenvolvimento dos meios tecnológicos, facilitando cada vez mais a atividade.
Dentre estes avanços, cumpre destacar o progresso nos meios de transportes, principalmente na aviação civil, onde a tecnologia, outrora empregue de forma bélica passou a ser usada em fins comerciais. As telecomunicações receberam vários aperfeiçoamentos, possibilitando ampla difusão de conhecimento e informações. A economia mundial cresceu e se diversificou e os indivíduos passaram a lutar pelos seus direitos trabalhistas, incluindo o direito as férias remuneradas. Todos esses fatores contribuíram para a expansão do turismo.
Dessa forma, o turismo passou a viver um momento de massificação e tornaram-se evidentes uma série de problemas com os impactos negativos ocasionados pelo número exorbitantes de visitantes nas mesmas épocas do ano aos destinos turísticos.
Esse crescimento desordenado começou a chamar atenção dos estudiosos da área e de grupos interdisciplinares, desencadeando manifestações e descontentamento com a situação do benefício do turismo para a economia, meio ambientes e sociedade. Devido a esses impactos negativos, começaram a surgir eventos pelo mundo todo para tentar minimizar toda essa situação.
Assim, em 1976 ocorreu em Washington, EUA, um seminário sobre impactos sociais e culturais do turismo. Já em 1980, houve uma conferência da OMT (Organização mundial do Turismo) em Manila, Filipinas, para mudança da direção do turismo. Em 1981 é estabelecida em Bangcoc, Tailândia, modelos de turismo alternativo do Terceiro Mundo. Em 1984, realiza-se um seminário sobre Turismo Alternativo na Ásia. Outro Encontro foi promovido pela Academia Internacional para Estudos do Turismo na Polônia em 1989. Ainda em 1989 realiza-se em Tamanrasset, Argélia, o seminário sobre Turismo Sustentável.
Todas essas discussões fizeram surgir um novo tipo de turismo que se opunha ao turismo de massa. A exigência dos visitantes passou a ser maior, principalmente quando passou a não querer apenas “espreguiçar-se em torno de uma piscina de hotel ou em participar de frenéticas visitas a pontos turísticos” (COLLINS, 1993, p.7) desta forma, o que o turista quer é um maior contado com a comunidade, participar ativamente e vivenciar realmente os locais visitados, surgindo assim um novo turista, o turista pós-moderno.
Seguindo essa nova forma de olhar do turista, as paisagens naturais com poucos sinais da ação humana passam a ser mais valorizadas pelo turismo pós-moderno. Dentre estas paisagens as Unidades de Conservação, que objetivam manter as áreas ambientais, utilizando-as para fins de um lazer consciente, ganham espaço em relação aos outros atrativos e destinos turísticos.
Unidade de Conservação
A origem das áreas naturais protegidas se deu com a criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos no ano de
As Unidades de Conservação de Proteção Integral são representadas por estação ecológica, reserva biológica, parques nacionais, estaduais e municipais, monumento natural e refúgio da vida silvestre. As UC's pertencentes a esse grupo são destinadas a preservação da natureza e o uso parcial de seus recursos são de natureza indireta, tais como a aplicação de atividades e programas para estudos, pesquisas e Educação Ambiental.
O grupo das Unidades de Conservação de Uso Sustentável é caracterizado pelo uso direto de seus recursos naturais, assim é possível a existência de atividades humanas, mas estes devem seguir as premissas da sustentabilidade. O grupo é representado por: Área de Preservação Ambiental (APA), Floresta Nacional (FLONA), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural.
O turismo nas UC’s se apropria desse espaço através dos segmentos de turismo de natureza, turismo de aventura, turismo cultural e ecoturismo. Este último busca o desenvolvimento local nas três dimensões (social, econômica e ambiental) da sustentabilidade. Dentre os objetivos do Ecoturismo, está a Educação Ambiental, que através do contato das pessoas com essas áreas e de sua interpretação visa a conscientização dos indivíduos em relação ao meio ambiente.
Educação Ambiental
Na sociedade contemporânea, o ser humano dificilmente se considera um elemento da natureza, esse sentimento de distanciamento fundamentam as ações dos seres humanos, tidas como racionais e antropocêntricas (REIGOTA, 2006).
Nessa perspectiva antropocêntrica, iniciado pelas civilizações grego-romana e fortalecido pela Revolução Científica do sec. XVII, para o homem a natureza representa um estado de recursos ilimitados e disponíveis à sua satisfação e necessidades, tornando-se um alienado com relação à natureza (SOUZA, 2006).
O problema Ambiental não se trata apenas de garantir a preservação de determinadas espécies animais e vegetais e dos recursos naturais, mas devem-se considerar, prioritariamente, as relações econômicas e culturais entre a humanidade e a natureza e entre os homens (REIGOTA, 2006).
Dentro dessa vertente, a educação ambiental surge e se consolida no momento histórico no movimento ambiental e busca utopicamente desnaturalizar esse sentimento de distanciamento já enraizado na sociedade. A Educação ambiental pode ser entendida como:
[...] um processo de educação política que possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades, bem como a formação de atitudes que se transformam necessariamente em práticas de cidadania que garantem uma sociedade sustentável (JUNIOR; PELICIONI, 2002, p. 3)
A Educação Ambiental, como um processo de educação política a ser desenvolvida, necessita que suas atividades sejam continuas e descentralizadas, caracterizando-a não apenas pelos seus aspectos ligados à ecologia. Deste modo, as atividades devem ser permanentes e enfatizarem os aspectos econômicos, culturais, sociais, políticos e éticos, gerando novos valores nas relações homem-natureza e homem-homem.
Assim, a Educação Ambiental “reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza” (REIGOTA, 2006, p. 10).
A abordagem da educação ambiental vem ganhando um enfoque múltiplo, surgindo uma nova e crescente presença de áreas e linhas de pesquisa nesse campo. Dentre as múltiplas áreas, o Turismo tem se mostrado como uma atividade e um fenômeno de fluxo de capital, pessoas e idéias que pode e deve ser tratado como um meio de valorização do meio socioambiental, e para tanto, pode incluir dentro de seu plano de desenvolvimento a educação ambiental.
As diversas abordagens da Educação Ambiental remetem a presença do relacionamento complexo entre as dimensões como economia e cultura, natureza e sociedade, bem-estar e utopia, meio ambiente e mudança cultural (RUSCHEINSKY, 2002). O turismo por ser um fenômeno social que se utiliza o meio natural, cultural e econômico para proporcionar o bem-estar dos atores envolvidos, bem como novas experiências através do contato com o diferente, se relaciona com a educação ambiental em suas complexas dimensões.
Ecoturismo e Educação Ambiental
O Ecoturismo, como uma alternativa do turismo de natureza de baixo impacto ambiental, busca conciliar a exploração turística com o meio ambiente de modo conservacionista, contribuindo para a sustentabilidade da região e o fortalecimento a consciência ecológica capaz de envolver a comunidade local e os turistas.
De acordo com as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, publicada em 1994, o ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.(EMBRATUR, 1994)
Assim, o Ecoturismo mesmo sendo uma atividade que cause impactos, utiliza estratégias para minimizá-los, sendo essas identificadas pelas políticas implícitas governamentais que passou a orientar suas práticas para a abrangência da Interpretação Ambiental e da Educação Ambiental que têm por objetivo desvelar atitudes e comportamentos inocentes e conservadores da natureza. Desse modo, para assegurar ao meio ambiente a valorização dos recursos naturais, o ecoturismo foi identificado como uma atividade facilitadora para a educação ambiental.
Educação Ambiental é um processo pelo qual os envolvidos participam ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e buscam soluções através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, adquirindo uma conduta ética condizente a cidadania. A mesma tem por objetivo mudar posturas sociais, comportamentos e hábitos, introduzindo-se na concepção de sociedade sustentável adotando os pressupostos das Conferências de Tbilisi e Moscou.
A Educação Ambiental é vista como um caráter educativo do ecoturismo que promove as ações educativas voltadas às atividades de proteção e melhoria socioambiental, potencializando a educação para mudanças culturais e sociais voltadas para a conservação do meio ambiente. Esse processo é desenvolvido por meio dos indivíduos e da coletividade que constrói valores, habilidades e competências essenciais à qualidade de vida e principalmente a sustentabilidade.
Os valores da Educação Ambiental promovem assim a conscientização e informação ao turista tendo como objetivo orientar a conduta nas áreas visitadas apoiando de maneira disciplinar os programas de manejo, conservação e sustentabilidade, difundindo uma consciência ecologicamente correta, considerando que a natureza é esgotável, por isso, deve ser utilizada de maneira racional.
Segundo Leonardi (1999), a educação ambiental pode ser classificada em: formal, informal e não formal. A Educação Formal é um sistema educativo que se realiza através das instituições de ensino por meio dos cursos, tendo como função construir a cidadania ecológica, agindo sobre a comunidade de forma teórica. Já a Educação Informal é um processo que se desenvolve a partir de acontecimentos, encontros e leituras realizadas nos tempos livres.
Por fim, a Educação Ambiental não formal também denominada de educação ao ar livre, é um conjunto de ações e práticas que visa à sensibilização, organização, mobilização e participação da coletividade na defesa da qualidade do meio ambiente incentivada pelo poder público através do ecoturismo.
As práticas de Educação Ambiental não formal são compostas pelas modalidades: aprendizado sequencial, tendo como objetivo proporcionar mudanças de comportamento e valores aprofundando a interação humana com a natureza; interpretação ambiental que fornece informações realçando a história e as características culturais e ambientais do lugar acrescentando valor a experiência do visitante; e a educação experiencial, sendo um dos primeiros programas de educação ao ar livre, utiliza o ambiente natural, enquanto pedagógico, servindo para a interação do homem com a natureza fazendo com que o mesmo se desenvolva através de suas experiências e reflexões transformadoras.
A Educação Ambiental objetiva minimizar os impactos negativos provocados pelo ecoturismo, ensinando a sociedade como agir perante a natureza. Assim, a união entre ecoturismo e educação ambiental promove a conservação do meio ambiente através das modalidades de educação ambiental não formal, compreendendo nos benefícios estimulados pelas experiências do indivíduo.
A Educação Ambiental é possível em diversos contextos, sendo que ela deve estar presente em todos os espaços que se educam os cidadãos. Assim, ela pode ser desenvolvida nas escolas, nos parques, nas reservas ecológicas, nas associações de bairro, sindicatos, universidades, meios de comunicação de massa e etc.
As metodologias de educação ambiental terão as suas especificidades e características, dependendo do educador, do educando e do contexto social, ambiental e cultural. Os programas de educação ambiental em Unidades de Conservação como também em Áreas Naturais Protegidas, vêm sendo amplamente utilizadas através do Ecoturismo.
A Interpretação como uma Ferramenta da Educação Ambiental em APA’s
A prática sistemática da Interpretação Ambiental tem início nos finais dos anos cinqüenta nos EUA pelo Serviço Nacional de Parques. O norte-americano Freeman Tilden foi um dos pioneiros a falar e escrever um livro sobre a temática, e seus trabalhos objetivavam sensibilizar o crescente número de visitantes de dois parques norte-americanos sobre a importância de sua preservação (MURTA; GOODEY, 2005).
A interpretação busca a valorização do meio socioambiental e da experiência do visitante e usuários das áreas ambientais, pois esta possibilita uma melhor compreensão do lugar acrescentando valor à vivência. Segundo Tilden:
Interpretação ambiental é uma atividade educacional que objetiva revelar significados e relações através da utilização de objetivos originais, de experiências de primeira mão e por meio de mídia ilustrativa, ao invés de simplesmente comunicar informações factuais. (TILDEN, 1957, apud MURTA e GOODEY, 2005, p. 14).
Assim, a interpretação auxilia a percepção e entendimento do individuo do ambiente a sua volta, de uma forma que este, através dessa prática, possa não apenas observar, mas perceber o ambiente e sentir-se estimulado a colocar em uso tudo que foi passado durante sua experiência, sendo multiplicador do conhecimento adquirido.
A abordagem interpretativa deve se caracterizar por quatro aspectos essenciais: ser amena, de modo a entreter e manter a atenção do turista; ser pertinente, ou seja, ter significado e despertar o interesse pessoal; ser organizada, com ordenamento lógico das idéias expostas e; ser temática, quer dizer, ter um tema explicitado que se pretende comunicar (VASCONCELOS, 2003).
Sendo assim, a interpretação deve ser organizada, de forma a não cansar o visitante e mantê-lo focado nas explicações sem fazer nenhum tipo de pressão durante a visita, tornando a experiência prazerosa e informativa ao mesmo tempo. Fixando toda aprendizagem adquirida durante o percurso, fazendo com que o visitante possa utilizar essas informações tanto durante como após a visita.
Existem várias técnicas para se utilizar a interpretação ambiental para o desenvolvimento da educação ambiental, tais como: centro de visitantes, publicações, excursões guiadas e trilhas autoguiadas. Essas técnicas têm como objetivo facilitar o entendimento do visitante em relação ao local, estimulando-o a estabelecer uma relação mais próxima com ambiente visitado.
O Centro de Visitantes é um espaço que tem por objetivo expor e exibir informações educativas através de vídeos, mapas, folhetos explicativos, diagramas entre outros métodos de forma a deixar o visitante ciente sobre tudo no lugar visitado.
As Publicações, em mídia impressa e digital, apresentam-se como alternativas bastante viáveis por serem meios relativamente mais baratos e com poder de atingir um publico de maior proporção, porém o objetivo desta é a informação e não a interpretação direta.
A Excursão Guiada é uma técnica interpretativa muito eficaz e de fundamental importância. Por conseguir manter um contato direto com o visitante, ela evita que o mesmo tenha práticas inadequadas no local e o estimula a participar das atividades de forma interativa. Para esse tipo de pratica é necessário um guia para acompanhar toda a visita. Um dos pontos fortes dessa técnica é que o guia pode se adequar aos tipos de visitantes, porém existem algumas limitações, o visitante pode sentir-se incomodado com a presença do guia e achar que existe uma interferência em relação ao seu senso de liberdade, podendo restringir a sua interpretação do ambiente, além de ser menos viável economicamente.
As trilhas, como meio de interpretação ambiental, tem como objetivo, além da transmissão de conhecimento, propiciar que o indivíduo revele os significados e as características do ambiente utilizando-se de elementos originais, experiências diretas e meios ilustrativos, apresentando-se como uma ferramenta básica para os programas de educação ambiental.
Assim, as trilhas constituem um instrumento pedagógico importante, pois permite que as áreas naturais se tornem equipamentos que viabilizam uma educação ambiental de não informal. Essa liberdade proporcionada pelas trilhas disponibiliza um “laboratório vivo”, que estimulam a curiosidade e, consequentemente, o interesse dos indivíduos a conhecerem os recursos naturais, diferenciando-se da forma tradicional de educação.
Resultados: o potencial da APA DO Morro do Urubu para a implantação de técnicas de interpretação ambiental
Localizada na zona norte da cidade de Aracaju, a Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu é uma unidade de conservação de uso sustentável pelos seus atributos bióticos, abióticos, estéticos e importância que esta representa para a qualidade de vida e bem-estar dos residentes e visitantes da cidade de Aracaju.
Dentro das categorias de UC, a Área de Proteção Ambiental (APA) é um ambiente que pode dispor de recursos que auxiliem a educação ambiental por meio da interpretação ambiental.[5]
De acordo com os objetivos de uma APA, que são estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a APA do Morro do Urubu foi criada com o objetivo de proteção a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade no uso dos recursos naturais que essa área dispõe.
Assim, como o único remanescente de Mata Atlântica de Aracaju, numa área de
A área que compreende o Parque Estadual José Rolembergue Leite (Parque da Cidade), ocupa
Por dispor de um parque, zoológico, estrutura de apoio (restaurante, lojas, biblioteca, recepção), centro hípico, teleférico, mirante e atrativos naturais, a APA do Morro do Urubu apresenta-se como um espaço que dispõe de equipamento de lazer para residentes e visitantes de Aracaju, além de se apresentar como um local onde é possível desenvolver estudos e atividades voltadas às diversas áreas das ciências humanas, sociais, exatas e biológicas.
O Parque da Cidade, criado em 1979, antes da criação da APA, é uma área que apresenta um desgaste ambiental mais visível, em termos de presença de infraestrutura e desmatamento. Tal característica possibilita a realização de piqueniques, caminhadas, prática de esportes), ou seja, é uma área que pode ser utilizada para atividades voltadas aos usuários que não tenham muita disposição a um maior nível de contato com a natureza.
A interpretação ambiental na APA pode ser desenvolvida de várias formas, a partir da requalificação da infraestrutura já existente. No zoológico, onde é possível observar animais em extinção, as placas informativas nas jaulas podem servir como um meio de interpretação e conscientização ambiental, quando estas são de caráter ilustrativo e tentam passar informações sobre a importância desses animais na natureza, bem como a ameaças que os mesmos sofrem pelas ações que os humanos cometem, direta ou indiretamente. Além das placas nas jaulas, é possível a implantação de coletores seletivos de lixo nas passarelas do zoológico.
O prédio na entrada do zoológico, onde se localiza a administração do parque, conta com uma biblioteca, uma loja e uma sala de vídeo, estes espaços são de extrema importância para a interpretação e atividades de educação ambiental. Mas desde a sua inauguração, no ano de 2006, esta estrutura continua sem uso, estrutura que deveria servir para a população local, tanto da educação ambiental como em projetos socioambientais que visem o envolvimento da comunidade do entorno com a APA, objetivando o desenvolvimento local.
Além do zoológico, outras instalações poderiam ser meio de interpretação ambiental, como o espaço de espera do teleférico, o mirante e trilhas que podem ser desenvolvidas no local. Os recursos naturais da APA, caracterizados por uma biodiversidade da Mata Atlântica e vegetação típica dos ecossistemas manguezal e cerrado, tornam a área um local propício para o desenvolvimento de trilhas ecológicas interpretativas, mas, apesar de possuir esse potencial, ainda não são desenvolvidas “oficialmente” trilhas na área.
Sobre os Usos na APA do Morro do Urubu
Através das pesquisas realizadas em campo, pode-se perceber que o fluxo de visitantes na APA é bem elevado durante os feriados e finais de semana, é evidente também a forte presença do comercio informal, representado, em sua maioria, pelos vendedores de alimentos e bebidas que começaram a surgir para atender a elevada demanda por esses serviços.
Os principais frequentadores são moradores dos bairros circunvizinhos a APA localizados na zona norte de Aracaju. Dentre os equipamentos existentes, o mais utilizado é o zoológico, que possui um espaço físico abrangente, propiciando lazer aos visitantes. Já o teleférico, apesar de possuir uma boa estrutura, tem seu acesso limitado, por possuir uma taxa de uso, o que acaba gerando uma segregação social dentro do parque. As pessoas que visitam o teleférico são em sua maioria turistas e indivíduos de poder aquisitivo maior, enquanto que no zoológico, em que o acesso é gratuito, existe um número maior de moradores locais.
Essa ocupação se dá de forma desordenada, resultado da falta de uma política interna da APA e do Parque (códigos de conduta para visitantes) que discipline e fiscalize os usos desse equipamento. Observou-se na pesquisa de campo a falta ou até mesmo a ineficácia da fiscalização na APA, a exemplo do zoológico, onde as pessoas ultrapassavam as barras de proteção das jaulas dos animais, alimentava os bichos, armavam redes nas árvores, jogavam lixo nos recintos e utilizavam sons de carro provocando uma poluição sonora, causando impactos negativos para os animais.
Durante as visitas foi notado que o fluxo nos feriados e finais de semana no Parque é muito alto em relação a sua capacidade, assim a circulação e utilização do local tornam-se difíceis, tais fatores aliados à inexistência de um sistema de sinalização e objetos de interpretação ambiental que se adequem ao local comprometem o valor da experiência que a área pode proporcionar.
Atualmente, as pessoas que desejam conhecer um pouco mais sobre a APA e sobre seus recursos naturais, remanescente da Mata Atlântica, são obrigadas a percorrer as vias de acesso já existentes, tais vias são representadas por uma pista que também é utilizada pelos veículos automobilísticos, tais como carros, ônibus e motocicletas.
Um problema evidente nessa via de acesso é a falta de espaço destinado para pedestres, assim, o visitante que resolver conhecer o local tem que se aventurar em meio aos condutores dos veículos que, em sua maioria, desrespeitam o limite de velocidade imposto pela sinalização existente (30Km/h). Além desse desrespeito por parte dos condutores, outro fator é a inexistência de fiscalização e o pouco policiamento da APA.
Considerações Finais
Diante das pesquisas realizadas para elaboração do presente trabalho, foram percebidos aspectos positivos e negativos em relação a atual utilização da APA do Morro do Urubu como objeto de lazer. Dentre os aspectos positivos encontram-se o espaço do Parque, que possui uma grande potencialidade para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao meio ambiente, notadamente o remanescente de Mata Atlântica pertencente a APA.
Já os aspectos negativos estariam relacionados à forma de utilização do Parque, onde há a falta de um código de conduta para visitação. A administração e fiscalização não estão presentes e não funcionam durante os feriados e finais de semana, ocasionando diversos problemas devido ao aumento do fluxo durante esses períodos. Outro problema encontrado na área foi a inutilização de prédios (centro, restaurante, biblioteca e loja) que deveriam ser utilizados para a melhoria da infraestrutura de apoio do Parque. Percebe-se, dessa forma, a veemente necessidade de requalificação dos espaços destinados aos visitantes da APA no sentido de oportunizar ao público a mensagem do comportamento ambientalmente responsável e uma melhor compreensão sobre o espaço visitado.
Assim, depreende-se quanto a necessidade de projetos e planejamentos que objetivem uma melhor organização da APA, proporcionando assim, uma melhoria na qualidade do espaço, disponibilizando uma melhor experiência aos seus visitantes e usuários. Dentro desses projetos e planejamentos, tendo em vista a grande demanda que a área recebe, deve-se utilizar da interpretação ambiental como ferramenta para sensibilizar e conscientizar, de forma a mudar as atitudes dos seus frequentadores.
Referências Bibliográficas
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JUNIOR A. P, PELICIONI M. C. Educação Ambiental: desenvolvimento de cursos e projetos. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002.
LEONARDI, M. L. A. A educação ambiental como um dos instrumentos de superação da insustentabilidade da sociedade atual. In: CAVALCANTI, C. (Org.). Desenvolvimento e natureza: Estudos para uma sociedade sustentável..ed. São Paulo: Cortez; Recife: Fund. Joaquim Nabuco, 1999, p. 391-408.
Ministério do meio ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções do CONAMA 1984 2008. Brasília: Conama, 2008.
NEIL, J; WEARING, S. Ecoturismo: Impactos, Possibilidades e Potencialidades. São Paulo: Manole, 2001.
PEDRINI, A.G.. Ecoturismo, interpretação e educação ambientais: consensuando conceitos. Disponível em: http://www.physis.org.br/ecouc/Artigos/Artigo66.pdf. Acesso em: 10 set. 2010.
[1] Acadêmico do curso de Geografia da Universidade Federal de Sergipe. E-mail: clebinho.costa@gmail.com
[2] Acadêmica do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe. E-mail: manuanjo15@hotmail.com
[3] Acadêmica do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe. E-mail: isabelle.turismo@hotmail.com
[4] Acadêmica do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe. E-mail: pinhorafaelly@gmail.com
[5] Segundo a Resolução CONAMA n° 10, de 14 de dezembro de 1988: As Áreas de Proteção Ambiental- APA’s são unidades de conservação, destinadas a proteger e conservar a qualidade e os sistemas naturais existentes, visando a melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos ecossistemas naturais (Resolução CONAMA n° 10, de 14 de dezembro de 1988).
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